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Sever do Vouga |
Sever do Vouga é uma freguesia portuguesa do concelho de Sever do Vouga, com 12,36 km² de área, 2.728 habitantes (2001) com 2.269 eleitores (11/10/2009) e uma densidade de 220,7 hab/km². Para além da vila de Sever do Vouga, fazem parte desta freguesia os lugares de Ermida, Senhorinha, Paçô, Cruz do Peso, Peso, Vale da Grama, Portelada, Ribeiro e as Póvoas. Santa Maria vinha do tempo da dominação visigótica e cresceu a partir de uma " civitas" romana, por alturas da feira, que os cavaleiros leoneses e asturianos foram alargando para sul até ao Vouga, no final do século IX, à medida que a reconquista cristã se ia consolidando com os sucessivos avanços e recuos até à tomada definitiva de Coimbra, por Fernando Magno, em 1064. Não obstante, a separação física da terra de Sever do território de Santa Maria não afectou as afinidades humanas entre os seus povos, que haveriam de perdurar pelos séculos em fora, como ficou bem patente nas disposições comuns de alguns forais manuelinos concedidos a certos concelhos do território, entre os quais o de Sever. A reconquista cristã iniciada pelo conde Hermenegildo Guterres trouxe e espalhou em toda a terra entre o Douro e o Mondego alguns nobres asturianos, especialmente da chamada nobreza militar, pelos quais foram distribuídos os bens tomados sob a forma de " presúria ". Assim nasceram as grandes casas de toda essa região, designadamente as do Marnel, Grijó e Sousa, que entre si estabeleceram laços familiares. É de crer que os mandantes em Sever – e não há provas de que os primeiros aqui residissem – descendessem directamente da casa do Marnel, ou pelo menos aí aparentados. Do que não há dúvida e vem referido em documentos do século X, é da existência de um " dux" de nome Mem Guterres, cunhado do rei leonês Ordonho I, que os muitos haveres de que era possuidor na região se contavam também os de Sever. Era pai do conde Hermenegildo Mendes e de Enderquina Mendes " Pala", herdeira do Marnel, que veio a casar com o conde portugalense Gondesindo Eres. Contudo, Sever existia como tal séculos antes destes acontecimentos, habitada por povos pré- históricos que deixaram as marcas indeléveis da sua passagem, não só através de enormes monumentos funerários (dolmens na Cerqueira, que no seu conjunto constituem uma necrópole; e em Talhadas- Chão Redondo. e Arcas - Capela dos Mouros) mas também na arte rupestre (Salgueiral – Arestal, encontrada e estudada pelo eminente Dr. Alberto Souto), objecto de comunicação em congressos da especialidade. Se aqueles são sepulturas funerárias de chefes tribais, esta – a arte rupestre – conhecida pela designação popular de " Fornos dos Moiros " é constituída por um conjunto de petróglifos gravados numa pedra com 4,5 m de comprimento por 1,5 m de largo, onde abundam as formas geométricas de círculos, covinhas e espirais, separados por um sulco longitudinal profundo. O significado desta simbologia, integrada na arte rupestre do noroeste peninsular, é ainda desconhecido. Alguns estudiosos propendem para lhe atribuir a significação de magia ou local de devoção religiosa; outros inclinam-se para a simples manifestação de trabalho voluntário de artistas. Outros povos vieram com o arar do tempo. Os romanos, povo civilizado, aqui estiveram não se sabe de quando até quando. Sabe-se apenas, com certeza, que aqui permaneceu uma pequena colónia nos séculos I ou II d. c., a cavar buraco para extracção de minério (galena) e a calcorrear a serra, abrindo caminho para as legiões que da estrada imperial de Aeminium a Cale seguiam par o interior a partir do Marnel, deixando marcos milenários à medida que avançavam, em homenagem aos seus Imperadores. Foi um deles, um certo Severus, que fundou a villa Severi; outro a villa Stephany (Esteves) à qual, séculos depois se associou o couto demarcado por D. Afonso Henriques e ainda mais outro a villa Sereni (Serém), aqui bem perto, tudo nas imediações. São as provas da sua alta antiguidade. Couto Esteves, que na época medieval pertenceu à paróquia de S. Miguel da Ribeira (Ribeiradio), foi transformado em concelho independente em data indeterminada, assim permanecendo até à reforma administrativa operada no referido ano de 1836, após o fim das lutas liberais. Foi integrado no concelho como freguesia – a sétima. Talhadas, que fez parte do concelho do Vouga até 31 de Dezembro de 1853, data da sua supressão, foi integrada também neste concelho – desde logo a 8 ª freguesia. Mas o número de freguesias não ficaria por aqui. Por vontade soberana do povo da parte alta da freguesia de Silva Escura, que sempre vivera afastado do seu centro com todos os inconvenientes que resultam da distância, entendeu estarem reunidas as condições para criarem a sua própria freguesia. O desiderato foi conseguido com a publicação da lei n º 83/89, de 30 de Agosto, desanexando-se o seu espaço territorial da de Silva Escura – freguesia mãe – pelo que, deste modo, se elevou de oito para nove o número das autarquias que constituem, presentemente, o concelho de Sever do Vouga. Simultaneamente e por decreto diocesano de oito de Dezembro do mesmo ano, o Bispo de Aveiro criou canonicamente a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Dornelas, com os mesmos limites administrativos da freguesia. Fernando Soares Ramos |